terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O verdadeiro chá

Apesar do uso milenar no oriente, o brasileiro ainda não conhece bem a bebida. A seguir, onze dicas para apreciar melhor o chá.

O chá é ingrediente de uso milenar no oriente. No Brasil, porém, talvez por falta de conhecimento ou hábito, o verdadeiro chá continua sendo pouco conhecido. A passos lentos, é verdade, ele se faz notar especialmente em São Paulo, que tem a numerosa colônia japonesa como aliada na sua divulgação. Lojas modernas despontam na capital da gastronomia no país, resgatando a atmosfera tradicional da bebida, e o uso do chá na cozinha joga luz sobre o apaixonante produto. Por aqui, aliás, até o nome gera confusão: somente a planta Camellia sinensis pode ser chamada de chá – no caso, ela dá origem aos chás verde, branco, preto e oolongo. Bebidas feitas com hortelã, capim cidreira e outras ervas são ótimas infusões - ou seja, a rigor, não são chás.
Algumas informações e curiosidades para ajudar a entender e a apreciar o chá que, além de saboroso, tem uma porção de benefícios para a saúde:

1. A origem do uso do chá data de 2.700 a.C., na China. Foi nessa época que as características medicinais da planta foram descobertas. As folhas eram colhidas das árvores e iam direto para a panela e o resultado, claro, era uma bebida muito amarga. A fim de manter suas propriedades e suavizar o sabor, foram desenvolvidos os primeiros procedimentos para transformar as plantas em chás: secagem, moagem, cozimento.

2. No Brasil, o que muita gente não sabe é que os chás verde, preto, dourado, branco e vermelho são feitos de uma mesma planta, a Camellia sinensis, mencionada antes. O que os diferencia é a maneira como a erva é tratada depois de colhida. Acontece que as folhas entram em um processo de oxidação logo que são tiradas do pé. Esse processo é interrompido em diferentes momentos, dependendo do resultado desejado:
- Chás brancos são feitos do broto da planta, que muitas vezes ficou protegido do sol.
- Nos chás verdes a folha verde tem a oxidação interrompida (por calor, vapor ou cozimento). É muito consumido no Japão e tem conhecida ação antioxidante.
- O chá dourado é semi-oxidado e também conhecido como oolongo.
- Chás vermelhos são totalmente oxidados. Sua coloração é decorrente do local em que a planta foi cultivada. São típicos da China e conhecidos por ativar o metabolismo.
- Chás pretos são totalmente fermentados e comuns na Inglaterra e na Índia. Entre seus benefícios, é dito que fazem bem para a circulação e artérias.

3. Mas e os sabores? Como explicar o gostinho ou o aroma de jasmim ou pêssego que alguns chás têm? eles podem ser aromatizados com flores, frutos e especiarias. As folhas agregam sabor muito rapidamente à receita, e a simples mistura com alguns ingredientes, durante algum tempo, faz com que ela adquira suas notas.

4. Como escolher um entre os mais de 5000 tipos de chás que existem? O importante é que sejam orgânicos, isentos de agrotóxicos. Esses produtos comprometem sua naturalidade. Chás a granel não são melhores do que os práticos saquinhos. O que deve ser observado na hora da compra é a procedência.

5. Para extrair o melhor da erva, alguns cuidados com a temperatura devem ser observados. Jogar o chá na água fervente, por exemplo, não trará resultado satisfatório. O chá preto deve ser feito com água a até 95 graus e ‘descansar’ por 3 a 4 minutos antes de ser servido. O verde e o vermelho aguentam no máximo 85 graus, sendo que o repouso do primeiro é mais rápido: 2 minutos. Por isso, um termômetro culinário é objeto indispensável no kit do apreciador de chá. Na dúvida sobre temperaturas e tempos adequados, vale seguir as indicações de preparo impressas na embalagem do produto – não são todos, mas muitos vêm com instruções.

6. O chá frio tem preparo idêntico ao do servido quentinho. Mas só pode ser resfriado quando estiver em temperatura ambiente.

7. Tomar chá com leite é coisa dos ingleses, que começaram a consumir o produto em substituição ao café. O hábito pegou por causa das propriedades digestivas, perfeitas para aplacar os pratos pesados que consumiam. Logo, o chá foi incorporado no lanchinho da tarde, ao lado de sanduíches, doces, bolos.

8. Até hoje, essa bebida tem importante papel em rituais orientais. No Japão, a cerimônia do chá culmina no preparo de um exemplar verde em pó com água quente, que deve ser compartilhado entre os presentes. Todo o cerimonial tem um significado que sintetiza o estilo de vida zen budista, e somente mulheres com muitos anos de prática conseguem realizá-la.

9. Mesmo sem uma simbologia profunda, alguns chás possibilitam um verdadeiro encanto visual. É o caso dos que são incrementados com uma flor - que pode ser malva, jasmim, lavanda etc - que se abre a olhos vistos. No caso, ela é prensada com o broto do chá branco por fora e é revelada quando a bebida quente entra em contato, na xícara.

10. Agora que você já sabe alguma coisa sobre chá, é hora de lotar a despensa de casa com eles, certo? Errado. Quando guardados em latas ou potes com fechos herméticos, o sabor e o aroma são mantidos por até um ano. Quem preferir as embalagens decoradas de madeira deve notar as recomendações: As cheirosas comprometem o produto. Ingredientes como café, que tem aroma forte e predominante, também não devem dividir o armário com eles.

11. O chá pode ser um ingrediente interessante em comidas, mas seu uso pede cautela. Em doces mais delicados, como musses, se sugere adicionar infusões à receita, no lugar do chá propriamente dito. Quitutes mais doces, como brigadeiros e carolinas, podem ser feitos com o ingrediente em pó. Mas é preciso adicioná-lo com cuidado, pois o efeito é mais potente. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário.